Conversamos com as doutoras Adriana Faria e Simone Guedes veterinárias responsáveis pelo laboratório Vet Life sobre os cuidados pré exames laboratoriais, métodos de coleta e análise. Fique por dentro!
T&L: Cada dia está mais
comum os pets passarem por exames de rotinas. Quais são os exames básicos que o
dono deve fazer anualmente?
VL: Pelo menos um hemograma completo, urina, fezes
e algumas bioquímicas (estas ficam a critério do veterinário devido a anamnese
de cada animal).
T&L: A gente observa que
tem laboratório que demora dias para entregar um exame e outros entregam em
horas, às vezes em minutos. Qual a diferença na forma de análise do material?
Isso pode impactar o resultado?
VL: Alguns exames levam mais
tempos como citologias, biópsias, hormônios, sorologias, culturas, micológicos
(eles realmente necessitam de um maior tempo), os exames de rotinas como
hemogramas, algumas bioquímicas, urinálises, exames de fezes, e de alguns de
pele, ficam prontos em até 24 horas. A modernidade levou todos exames passarem
em máquinas automatizadas que contam as células, a contagem é muito importante,
mas no caso dos animais o mais importante é a microscopia do exame de sangue,
pois a morfologia, a presença de hemoparasitas e algumas outras alterações que
só no microscópios são encontrados.
T&L:
Os humanos sempre tem que prestar atenção nas horas de jejum e no tipo de jejum
antes de fazer exames. Esses cuidados também devem ser tomados com os pets?
Quais exames requerem jejum ou algum outro cuidado especial?
VL: Também, mas a maioria dos proprietários não
quer voltar no dia seguinte ao veterinário, e o veterinário, quando não é
emergência, faz o exame sem o preparo necessário. Só exame de urina e de fezes
(parasitológico) que não requerem jejum, os demais vão precisar de jejum
alimentar de 08 a 12 horas, o jejum hídrico (água) só de 4 horas. A lipemia
(gordura no sangue devido a falta do jejum alimentar) e a hemólise (sangue no
plasma/soro devido a falta de jejum alimentar e ao excesso de jejum hídrico,
assim como na hora de colher o sangue um animal que mexe muito impedindo uma
coleta direta), podem interferir nos resultados de hemogramas e bioquímicas.
T&L: A agitação do
animal na hora da coleta influência o resultado? A forma de coleta do material
influencia em algo?
VL: Sim! Em alguns casos
pode formar a hemólise (explicada na questão anterior) e em alguns tipos de
exames hormonais em que a tranquilidade é fundamental para não influenciar no
seu resultado. Os frascos à vácuo utilizados para a coleta de exames em
humanos, só são válidos se o sangue for até a marca (4 a 5 ml) já que o
anticoagulante liofilizado que se encontra nesses frascos é para essa
quantidade de sangue, o excesso de anticoagulante altera a morfologia das células
assim como forma microcoágulos de fibrina na parede do frasco. Além de que o
sangue não deve passar pela agulha duas vezes, após a coleta o ideal é retirar
a agulha da seringa e passar delicadamente para o frasco, após o frasco deve
ser homogeneizado (misturar o sangue com o anticoagulante) delicadamente por 2
a 3 minutos. Animais que dificultam a coleta, fazem às vezes o veterinário ter
que colher em várias etapas, para hemograma este tipo de coleta fracionada não
é ideal, pois normalmente gera microcoágulos e a homogeneização com o
anticoagulante é prejudicada, para bioquímicas, sorologias, não influencia
tanto.
T&L: Para os exames de fezes, quais cuidados o dono deve ter ao coletar o cocô do pet? Quanto tempo pode ficar armazenado antes de ser levado para o laboratório? Como deve ser armazenado durante este tempo? Alguns parasitas precisam de coletas seriadas (mais de um dia), normalmente o veterinário faz essa indicação, mas gostaríamos de saber para quais casos a coleta seriada é indicada!
VL: O proprietário deve
coletar as fezes o mais delicadamente possível e coloca-las em frascos
apropriados, não se coloca em sacos plásticos que alteram sua forma e pode
amassar e destruir alguns vermes macroscópicos. As fezes podem ser conservadas
em geladeiras por até 72 horas. .Alguns veterinários indicam essa coleta de 3
dias seriados ou intercalando um espaço de um dia entre as coletas, para
verificação de Giardia sp, esse tipo de coleta fica a critério do veterinário
para acompanhar a clínica do animal.
T&L: Hoje a medicina
veterinária avançou bastante e os pets já podem contar com biópsias. Quais os
cuidados que devem ser tomados ao fazer um raspado de pele, o pet tem que
passar por algum preparo? Quais os cuidados para armazenamento e envio de
materiais para biópsia, por exemplo, um tecido com suspeita de câncer?
VL: Para exames de raspado
de pele, o animal não pode ter tomado banho 48 horas antes do exame, não pode
conter pomadas e medicamentos em cima da lesão para que não atrapalhe nem
mascare a microscopia e o resultado. As peças para biópsias são colhidas na
clínica veterinária, e são colocadas em frascos com formol a 10 % e em
temperatura ambiente, que mantém a peça conservada por muito tempo.
T&L:
Alguns veterinários têm adotado protocolos personalizados de vacinação, para
tanto, muitas vezes solicitam as titulações ou sorologias. Sabemos que nem
todos os laboratórios contam com os materiais e equipamentos necessários. Quais
os cuidados necessários quando o material deve ser enviado para outra cidade? O
dono do pet deve prestar atenção em algo em especial?
VL: Após a coleta o
veterinário deve encaminhar o sangue total para um laboratório, para que este
seja centrifugado e separado o soro do coágulo, pois se o soro permanecer muito
tempo em contato com o coágulo, como é um tecido vivo, este pode ter um
resultado falso-positivo ou falso-negativo. Após a separação, o soro é
resfriado ou congelado para ser enviado, conforme a orientação do laboratório
que irá receber este material.
T&L: Ouvimos falar que
se o pet tiver cheirado algo diferente (por exemplo uma bituca de cigarro na
rua) algumas enzimas podem estar alteradas no exame de sangue, mas que não
seria motivo de preocupação. Toda alteração nos exames laboratoriais é motivo
de preocupação para o dono do pet? Quando é necessário refazer o exame e qual
seria o intervalo de tempo ideal? Nos casos em que repete-se o exame, deve-se
coletar novo material?
VL: Toda alteração nos
exames deve ser avaliada pelo médico veterinário, que junto com a clínica e com
os exames ele saberá se essa alteração é fisiológica ou patológica, ficando a
critério dele também uma nova coleta para acompanhamento. Os intervalos
dependem da patologia.
T&L: Por que alguns
exames tem validade de apenas 10 dias, como a sorologia para leishmaniose? Qual
a validade média dos exames?
VL: Cada patologia tem o seu
curso, por isso uma diferença entre as faixas de validade de exames. A validade
do exame varia conforme a higidez de cada animal. Um animal sadio que irá fazer
um pré-operatório a média da validade é de 3 a 7 dias. Os animais entram em
contato com outros animais, podem comer coisas nas ruas, e não tem os hábitos
de higiene de humanos, o que influencia em que a validade seja bem mais curta.
As avaliações dos exames devem ser feitas o mais próximo do quadro, pois é
muito dinâmica a mudança nos resultados. Exames antigos devem ser guardados
para uma possível comparação posterior.
T&L: Uma dica para os
donos dos pets acostumarem seus animais a ficarem mais calmos durante a coleta
de materiais!
VL: Sempre manter a calma na
hora da coleta, a tensão do proprietário pode influenciar o animal, se o
proprietário puder aguardar longe o animal
é controlado mais fácil pelo veterinário. Assim como estimular o seu pet
a gostar de ir ao veterinário, estimulando com palavras carinhosas e petiscos
(só não pode no dia de colher material!!), para que ele não fique tão
estressado nesse momento!!
T&L: Obrigado pela participação, Dra. Simone
e Dra. Adriana! Temos certeza que agora nossos leitores ficarão mais atentos
aos exames laboratoriais dos seus mascotes.
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