Páginas

segunda-feira, 31 de março de 2014

saiba mais sobre anestesia! Bate papo com a Dra. Luiza Quintão Medeiros anestesiologista

Nossa entrevistada de hoje é a Dra. Luiza Quintão Medeiros médica veterinária anestesiologista. Vamos conversar sobre os procedimentos anestésicos disponíveis e as diferenças entre eles!





T&L: Quais são os tipos de anestesia na Medicina Veterinária disponíveishoje? Qual a diferença entre elas?
LM: Na Medicina Veterinária há diferentes procedimentos anestésicos que podem ser agrupados em:
  • Tranquilização;
  • Sedação;
  • Anestesia local;
  • Anestesia dissociativa;
  • Anestesia geral.

A TRANQUILIZAÇÃO permite que o animal fique mais calmo, menos ansioso, porém sem perder a noção de tudo a sua volta.
A SEDAÇÃO é realizada com fármacos mais potentes. O animal apresenta-se menos responsivo ao ambiente, com analgesia e muitas vezes com alterações fisiológicas significantes.
A ANESTESIA LOCAL é realizada com o uso de anestésicos locais como, por exemplo, a lidocaína. De forma segura, ela permite a total anestesia e analgesia da região, sem a observação de alterações fisiológicas significativas.
A ANESTESIA DISSOCIATIVA é realizada quando utiliza-se cetamina ou tiletamina e permite analgesia em ossos, músculos e pele (tegumentar), porém é insuficiente para órgãos (viceral).
A ANESTESIA GERAL, tanto inalatória como a injetável, é a única que permite o procedimento cirúrgico adequado e mais seguro. Essa anestesia causa a inconsciência e está sempre acompanhada do uso de fármacos analgésicos.


T&L: Para qual tipo de procedimento cada uma delas é recomendada?
LM: A TRANQUILIZAÇÃO é utilizada antes de anestesias gerais, para viagens em aviões ou em grandes festividades com muito barulho e fogos de artifício. A SEDAÇÃO é utilizada principalmente para contenções químicas de animais agressivos e no período anterior à anestesia geral. A ANESTESIA LOCAL é utilizada, sempre que necessário, em associação com a anestesia geral, dissociativa ou sedação. A ANESTESIA DISSOCIATIVA é utilizada em contenções químicas ou em procedimentos ambulatoriais. Essa anestesia não é recomendada para procedimentos cirúrgicos abdominais ou mais complexos, pois não causa inconsciência ao animal, somente dissocia o seu cérebro. A ANESTESIA GERAL, quando associada a fármacos analgésicos, fornece os dois fatores primordiais para a realização de um procedimento cirúrgico, a inconsciência e a analgesia.


T&L: Em quais casos é preferível a utilização da anestesia geral inalatória, injetável e peridural?
LM: Elas são utilizadas mutuamente, chamamos de anestesia balanceada. Não podemos excluir uma ou outra, cada caso deve ser avaliado individualmente, de acordo com a cirurgia e estado físico do animal. Sempre damos preferência à anestesia local associada à anestesia injetável ou inalatória. Dentre umas das técnicas da anestesia local, está a peridural.


T&L: A partir de que idade é seguro anestesiar o animal? E com qual idade passa a ser arriscado?
LM: Não é só a idade que classifica o risco anestésico de um animal. O risco anestésico é classificado pelo anestesiologista como ASA, avaliando-se a condição física e a doença que o acomete. Para procedimentos de emergência, não há restrição de idade, animais de 20 dias a 18 anos podem ser submetidos ao procedimento anestésico. Para os procedimentos eletivos, é necessário que os filhotes tenham o programa completo de vacinação.



T&L: Quais os cuidados os donos devem ter antes de submeter seus pets à anestesia? É necessário que fiquem sem comer e sem beber água? É preciso tomar algum remédio antes?
LM: Os donos de seus animais devem realizar o jejum alimentar de 12 horas e hídrico de 2 horas antes do procedimento anestésico. Com exceção de filhotes com menos de 4 meses de idade e diabéticos para o jejum alimentar, e animais com problemas nos rins e também filhotes com menos de 4 meses de idade para o jejum hídrico, é preciso retirar a água e a comida do animal para que não haja regurgitação e vômito durante o procedimento. Caso o animal vomite, o conteúdo pode ser aspirado pelo pulmão, causar pneumonia por aspiração e algumas vezes morte. Por isso a importância do JEJUM.
Não é preciso tomar algum remédio antes da anestesia, a não ser que o animal possua alguma doença cardíaca, diabetes ou outra qualquer afecção que seja necessário o seu uso. A avaliação é feita individualmente pelo clínico médico geral e pelo anestesiologista e as recomendações do tipo e doses são feitas para o proprietário antes do procedimento.


T&L: E depois da anestesia, como normalmente o animal fica? Quais os cuidados que os donos devem ter?
LM: O estado do animal após a anestesia varia com o tipo de anestesia que foi realizada e seus diferentes fármacos. O ideal é ficar na Clínica/Hospital por pelo menos 6 horas. Após esse período, o animal é liberado pelo anestesiologista com segurança para mantê-lo em casa ou internado para os cuidados pós-operatórios. Caso o animal vá para a casa, mesmo antes do horário liberado pelo anestesiologista, é necessário alguns cuidados:
  • colocar água e comida à vontade, mas sem forçar;
  • evitar piscinas, escadas, sofás e camas, locais onde o animal pode perder o equilíbrio e cair;
  • proporcionar um ambiente limpo, seco e tampado, com temperatura adequada para mantê-lo aquecido;
  • e caso tenha outros animais, mantê-los separados por pelo menos 24 horas.


T&L: Antigamente o mesmo médico veterinário anestesiava o pet e realizava a cirurgia ou qualquer outro procedimento. Hoje muitos profissionais solicitam o acompanhamento do anestesista. Qual a importância de ter um veterinário especialista em anestesiologia acompanhando o procedimento?
LM: É primordial o acompanhamento do Anestesista Veterinário para qualquer procedimento que envolva fármacos que sedem ou anestesiem. A avaliação pré-operatória, a monitoração constante dos parâmetros fisiológicos e analgesia pré, trans e pós-operatórios são necessários para o sucesso da cirurgia e segurança de toda a equipe. 




T&L: Obrigado pela participação Dra. Luiza! Temos certeza que agora nossos leitores poderão escolher melhor os procedimentos anestésicos para seus pets.

sexta-feira, 14 de março de 2014

um bate papo sobre acupuntura com o médico veterinário Dr. Rodrigo Monteiro Fagundes

Nossa entrevista de estreia é com o Dr. Rodrigo Monteiro Fagundes médico veterinário acupunturista. Vamos conversar sobre como funciona o tratamento e se realmente funciona!



  
T&L: Qual a diferença entre a acupuntura em humanos e em animais?
RF: Existem algumas diferenças. Inicialmente, com relação ao diagnóstico, pois, como nossos pacientes não respondem nossas perguntas, dependemos da observação dos donos para identificar os sinais que vão nos ajudar na formulação do diagnóstico e escolha correta do tratamento. Além disso, a localização de alguns pontos de acupuntura pode ser bem diferente do que a localização em seres humanos. Com relação às técnicas utilizadas, normalmente são bem semelhantes às utilizadas em seres humanos.

T&L: Pra que serve a acupuntura? Que tipo de doença pode ser tratada? Ela também ajuda a mudar ou melhorar comportamentos? Qualquer animal pode fazer?
RF: A acupuntura tem como princípio básico não tratar uma doença, mas sim, tratar um doente. Ou seja, nosso objetivo é reequilibrar o organismo e fazer com que ele atinja a cura do problema. Teoricamente, todas as doenças podem ser tratadas com acupuntura, desde problemas simples como dores até síndromes mais complexas como distúrbios de medicina interna e até câncer. A acupuntura pode auxiliar sim em algumas alterações comportamentais, pois, na medicina chinesa, cada emoção está relacionada a um determinado órgão e, ao tratá-lo, sua emoção também será atingida. Porém, devemos lembrar que alterações comportamentais envolvem uma série de outros fatores como educação do animal, socialização do filhote e etc.
Qualquer animal pode ser tratado com medicina chinesa, seja com acupuntura, fitoterapia, Tui-Ná ou a associação dessas técnicas. Existem relatos de caso em peixes, aves, aranhas, grandes mamíferos como elefantes e rinocerontes.

T&L: Tratamento alopático convencional pode ser acompanhado de acupuntura?
RF: Essa é a nova tendência que tem se buscado. A medicina do futuro provavelmente será uma combinação da medicina alopática com a medicina oriental. Isso já é uma realidade em alguns países. Nos estados Unidos, por exemplo, mais de 60% dos animais recebem alguma forma de tratamento holístico em conjunto com a medicina alopática convencional.

T&L: Como você sabe onde colocar a agulha? O animal sente dor?
RF: Os pontos têm a sua localização descrita em mapas específicos para as espécies, mas a localização dos pontos que devem ser estimulados (seja com agulha ou qualquer outro método, como o calor, o laser, etc) é feita através de palpação do corpo.
Normalmente a inserção das agulhas é praticamente indolor, mas alguns pontos podem se localizar em locais bem sensíveis como nas pontas dos dedos ou próximos aos olhos. Além disso, dependendo da patologia que o animal apresente, alguns pontos podem se tornar bem sensíveis.

T&L: Como deixar os animais quietinhos durante a sessão? E os que não ficam, tem como fazer o tratamento neles?
RF: Não há necessidade de nenhuma técnica especial para deixa-los quietos durante a sessão. A acupuntura proporciona a liberação de uma série de substâncias produzidas pelo organismo e, muitas dessas substâncias conferem uma sensação de prazer e relaxamento ao animal. Nos animais agitados, optamos por técnicas mais rápidas e menos invasivas como a acupuntura laser, a acupuntura sem inserção, a moxabustão ou a massagem (Tui-Ná).



T&L: Quanto tempo dura o tratamento? Tem que fazer semanalmente ou apenas quando tem alguma crise?
RF: A duração do tratamento é muito variável. Depende de fatores como: tempo de início do problema, grau de comprometimento do organismo, gravidade da patologia, colaboração dos proprietários em realizar os procedimentos domiciliares, etc.
Normalmente problemas que iniciaram há pouco tempo, tendem a apresentar uma resolução mais rápida e problemas que já estão presentes há muito tempo demoram mais a serem resolvidos.

T&L: Em quais casos e doenças a acupuntura não é recomendada?
RF: A acupuntura é recomendada em qualquer tipo de patologia. Mesmo nas doenças ditas incuráveis, a acupuntura pode ser utilizada para trazer conforto, alívio de dores e qualidade de vida ao animal.

T&L: Você pode dar uma dica de situações que seria interessante nossos leitores procurarem um veterinário acupunturista?
RF: Animais que apresentam doenças recorrentes, ou seja, que aparecem com frequência, ou aqueles animais que sempre tem alguma queixa são fortíssimos candidatos a tratamentos com medicina oriental. Esses pequenos problemas que aparecem de vez em quando nos animais e que, aparentemente, são sinais sem importância, são, na verdade, dicas que o corpo está dando de que existe um desequilíbrio acontecendo.
Como na medicina convencional esses sinais não são interpretados e sim tratados como uma doença simples. Esses sinais são combatidos, mas não se tem a preocupação de avaliar o porquê do desenvolvimento dessas pequenas doenças nos animais.
Além disso, os proprietários que preferem realizar um trabalho preventivo em seus animais, minimizando o risco de aparecimento de doenças em estágio avançado, devem utilizar essas técnicas para identificar quais os órgãos de choque do seu animal, realizando um tratamento precoce no mesmo, antes que doenças mais sérias se desenvolvam.

T&L: O valor cobrado pelas sessões é parecido com o valor de sessões para humanos?
RF: Infelizmente, eu não sei dar essa informação. Não tenho acesso a valores cobrados por acupunturistas humanos, mas acredito que esses valores sejam bastante variáveis de acordo com a experiência e formação de cada profissional.


Obrigado, Dr. Rodrigo, ficamos muito felizes por você ter aceitado nosso convite! Temos certeza que esta entrevista esclarecerá as dúvidas de muitos leitores sobre a acupuntura em animais.