Nossa entrevistada de hoje é a Dra. Luiza Quintão Medeiros médica veterinária anestesiologista. Vamos conversar sobre os procedimentos anestésicos disponíveis e as diferenças entre eles!
T&L: Quais são os tipos
de anestesia na Medicina Veterinária disponíveishoje? Qual a diferença entre elas?
LM:
Na Medicina Veterinária há diferentes procedimentos anestésicos que podem ser
agrupados em:
- Tranquilização;
- Sedação;
- Anestesia local;
- Anestesia dissociativa;
- Anestesia geral.
A
TRANQUILIZAÇÃO permite que o animal fique mais calmo, menos ansioso, porém sem
perder a noção de tudo a sua volta.
A
SEDAÇÃO é realizada com fármacos mais potentes. O animal apresenta-se menos
responsivo ao ambiente, com analgesia e muitas vezes com alterações
fisiológicas significantes.
A
ANESTESIA LOCAL é realizada com o uso de anestésicos locais como, por exemplo,
a lidocaína. De forma segura, ela permite a total anestesia e analgesia da
região, sem a observação de alterações fisiológicas significativas.
A
ANESTESIA DISSOCIATIVA é realizada quando utiliza-se cetamina ou tiletamina e
permite analgesia em ossos, músculos e pele (tegumentar), porém é insuficiente
para órgãos (viceral).
A
ANESTESIA GERAL, tanto inalatória como a injetável, é a única que permite o
procedimento cirúrgico adequado e mais seguro. Essa anestesia causa a
inconsciência e está sempre acompanhada do uso de fármacos analgésicos.
T&L:
Para qual tipo de procedimento cada uma delas é recomendada?
LM: A TRANQUILIZAÇÃO é utilizada antes de anestesias gerais, para viagens em aviões
ou em grandes festividades com muito barulho e fogos de artifício. A SEDAÇÃO é
utilizada principalmente para contenções químicas de animais agressivos e no
período anterior à anestesia geral. A ANESTESIA LOCAL é utilizada, sempre que
necessário, em associação com a anestesia geral, dissociativa ou sedação. A
ANESTESIA DISSOCIATIVA é utilizada em contenções químicas ou em procedimentos
ambulatoriais. Essa anestesia não é recomendada para procedimentos cirúrgicos
abdominais ou mais complexos, pois não causa inconsciência ao animal, somente
dissocia o seu cérebro. A ANESTESIA GERAL, quando associada a fármacos
analgésicos, fornece os dois fatores primordiais para a realização de um
procedimento cirúrgico, a inconsciência e a analgesia.
T&L:
Em quais casos é preferível a utilização da anestesia geral inalatória,
injetável e peridural?
LM: Elas são utilizadas mutuamente, chamamos de
anestesia balanceada. Não podemos excluir uma ou outra, cada caso deve ser
avaliado individualmente, de acordo com a cirurgia e estado físico do animal.
Sempre damos preferência à anestesia local associada à anestesia injetável ou
inalatória. Dentre umas das técnicas da anestesia local, está a peridural.
T&L: A partir de que
idade é seguro anestesiar o animal? E com qual idade passa a ser arriscado?
LM: Não é só a idade que classifica o risco anestésico de um animal. O risco
anestésico é classificado pelo anestesiologista como ASA, avaliando-se a
condição física e a doença que o acomete. Para procedimentos de emergência, não
há restrição de idade, animais de 20 dias a 18 anos podem ser submetidos ao
procedimento anestésico. Para os procedimentos eletivos, é necessário que os
filhotes tenham o programa completo de vacinação.
T&L: Quais os cuidados
os donos devem ter antes de submeter seus pets à anestesia? É necessário que fiquem sem comer e sem beber água? É preciso tomar algum remédio antes?
LM: Os donos de seus animais devem realizar o jejum alimentar de 12 horas e hídrico
de 2 horas antes do procedimento anestésico. Com exceção de filhotes com menos
de 4 meses de idade e diabéticos para o jejum alimentar, e animais com
problemas nos rins e também filhotes com menos de 4 meses de idade para o jejum
hídrico, é preciso retirar a água e a comida do animal para que não haja
regurgitação e vômito durante o procedimento. Caso o animal vomite, o conteúdo
pode ser aspirado pelo pulmão, causar pneumonia por aspiração e algumas vezes
morte. Por isso a importância do JEJUM.
Não é preciso tomar algum
remédio antes da anestesia, a não ser que o animal possua alguma doença
cardíaca, diabetes ou outra qualquer afecção que seja necessário o seu uso. A
avaliação é feita individualmente pelo clínico médico geral e pelo
anestesiologista e as recomendações do tipo e doses são feitas para o
proprietário antes do procedimento.
T&L: E depois da
anestesia, como normalmente o animal fica? Quais os cuidados que os donos devem
ter?
LM: O estado do animal após a anestesia varia com o tipo de anestesia que foi realizada
e seus diferentes fármacos. O ideal é ficar na Clínica/Hospital por pelo menos
6 horas. Após esse período, o animal é liberado pelo anestesiologista com
segurança para mantê-lo em casa ou internado para os cuidados pós-operatórios.
Caso o animal vá para a casa, mesmo antes do horário liberado pelo
anestesiologista, é necessário alguns cuidados:
- colocar água e comida à vontade, mas sem forçar;
- evitar piscinas, escadas, sofás e camas, locais onde o animal pode perder o equilíbrio e cair;
- proporcionar um ambiente limpo, seco e tampado, com temperatura adequada para mantê-lo aquecido;
- e caso tenha outros animais, mantê-los separados por pelo menos 24 horas.
T&L: Antigamente o mesmo
médico veterinário anestesiava o pet e realizava a cirurgia ou qualquer outro
procedimento. Hoje muitos profissionais solicitam o acompanhamento do
anestesista. Qual a importância de ter um veterinário especialista em
anestesiologia acompanhando o procedimento?
LM: É primordial o acompanhamento do Anestesista Veterinário para qualquer
procedimento que envolva fármacos que sedem ou anestesiem. A avaliação
pré-operatória, a monitoração constante dos parâmetros fisiológicos e analgesia
pré, trans e pós-operatórios são necessários para o sucesso da cirurgia e
segurança de toda a equipe.
T&L: Obrigado pela
participação Dra. Luiza! Temos certeza que agora nossos leitores poderão
escolher melhor os procedimentos anestésicos para seus pets.
Muito bacana
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