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sexta-feira, 14 de março de 2014

um bate papo sobre acupuntura com o médico veterinário Dr. Rodrigo Monteiro Fagundes

Nossa entrevista de estreia é com o Dr. Rodrigo Monteiro Fagundes médico veterinário acupunturista. Vamos conversar sobre como funciona o tratamento e se realmente funciona!



  
T&L: Qual a diferença entre a acupuntura em humanos e em animais?
RF: Existem algumas diferenças. Inicialmente, com relação ao diagnóstico, pois, como nossos pacientes não respondem nossas perguntas, dependemos da observação dos donos para identificar os sinais que vão nos ajudar na formulação do diagnóstico e escolha correta do tratamento. Além disso, a localização de alguns pontos de acupuntura pode ser bem diferente do que a localização em seres humanos. Com relação às técnicas utilizadas, normalmente são bem semelhantes às utilizadas em seres humanos.

T&L: Pra que serve a acupuntura? Que tipo de doença pode ser tratada? Ela também ajuda a mudar ou melhorar comportamentos? Qualquer animal pode fazer?
RF: A acupuntura tem como princípio básico não tratar uma doença, mas sim, tratar um doente. Ou seja, nosso objetivo é reequilibrar o organismo e fazer com que ele atinja a cura do problema. Teoricamente, todas as doenças podem ser tratadas com acupuntura, desde problemas simples como dores até síndromes mais complexas como distúrbios de medicina interna e até câncer. A acupuntura pode auxiliar sim em algumas alterações comportamentais, pois, na medicina chinesa, cada emoção está relacionada a um determinado órgão e, ao tratá-lo, sua emoção também será atingida. Porém, devemos lembrar que alterações comportamentais envolvem uma série de outros fatores como educação do animal, socialização do filhote e etc.
Qualquer animal pode ser tratado com medicina chinesa, seja com acupuntura, fitoterapia, Tui-Ná ou a associação dessas técnicas. Existem relatos de caso em peixes, aves, aranhas, grandes mamíferos como elefantes e rinocerontes.

T&L: Tratamento alopático convencional pode ser acompanhado de acupuntura?
RF: Essa é a nova tendência que tem se buscado. A medicina do futuro provavelmente será uma combinação da medicina alopática com a medicina oriental. Isso já é uma realidade em alguns países. Nos estados Unidos, por exemplo, mais de 60% dos animais recebem alguma forma de tratamento holístico em conjunto com a medicina alopática convencional.

T&L: Como você sabe onde colocar a agulha? O animal sente dor?
RF: Os pontos têm a sua localização descrita em mapas específicos para as espécies, mas a localização dos pontos que devem ser estimulados (seja com agulha ou qualquer outro método, como o calor, o laser, etc) é feita através de palpação do corpo.
Normalmente a inserção das agulhas é praticamente indolor, mas alguns pontos podem se localizar em locais bem sensíveis como nas pontas dos dedos ou próximos aos olhos. Além disso, dependendo da patologia que o animal apresente, alguns pontos podem se tornar bem sensíveis.

T&L: Como deixar os animais quietinhos durante a sessão? E os que não ficam, tem como fazer o tratamento neles?
RF: Não há necessidade de nenhuma técnica especial para deixa-los quietos durante a sessão. A acupuntura proporciona a liberação de uma série de substâncias produzidas pelo organismo e, muitas dessas substâncias conferem uma sensação de prazer e relaxamento ao animal. Nos animais agitados, optamos por técnicas mais rápidas e menos invasivas como a acupuntura laser, a acupuntura sem inserção, a moxabustão ou a massagem (Tui-Ná).



T&L: Quanto tempo dura o tratamento? Tem que fazer semanalmente ou apenas quando tem alguma crise?
RF: A duração do tratamento é muito variável. Depende de fatores como: tempo de início do problema, grau de comprometimento do organismo, gravidade da patologia, colaboração dos proprietários em realizar os procedimentos domiciliares, etc.
Normalmente problemas que iniciaram há pouco tempo, tendem a apresentar uma resolução mais rápida e problemas que já estão presentes há muito tempo demoram mais a serem resolvidos.

T&L: Em quais casos e doenças a acupuntura não é recomendada?
RF: A acupuntura é recomendada em qualquer tipo de patologia. Mesmo nas doenças ditas incuráveis, a acupuntura pode ser utilizada para trazer conforto, alívio de dores e qualidade de vida ao animal.

T&L: Você pode dar uma dica de situações que seria interessante nossos leitores procurarem um veterinário acupunturista?
RF: Animais que apresentam doenças recorrentes, ou seja, que aparecem com frequência, ou aqueles animais que sempre tem alguma queixa são fortíssimos candidatos a tratamentos com medicina oriental. Esses pequenos problemas que aparecem de vez em quando nos animais e que, aparentemente, são sinais sem importância, são, na verdade, dicas que o corpo está dando de que existe um desequilíbrio acontecendo.
Como na medicina convencional esses sinais não são interpretados e sim tratados como uma doença simples. Esses sinais são combatidos, mas não se tem a preocupação de avaliar o porquê do desenvolvimento dessas pequenas doenças nos animais.
Além disso, os proprietários que preferem realizar um trabalho preventivo em seus animais, minimizando o risco de aparecimento de doenças em estágio avançado, devem utilizar essas técnicas para identificar quais os órgãos de choque do seu animal, realizando um tratamento precoce no mesmo, antes que doenças mais sérias se desenvolvam.

T&L: O valor cobrado pelas sessões é parecido com o valor de sessões para humanos?
RF: Infelizmente, eu não sei dar essa informação. Não tenho acesso a valores cobrados por acupunturistas humanos, mas acredito que esses valores sejam bastante variáveis de acordo com a experiência e formação de cada profissional.


Obrigado, Dr. Rodrigo, ficamos muito felizes por você ter aceitado nosso convite! Temos certeza que esta entrevista esclarecerá as dúvidas de muitos leitores sobre a acupuntura em animais.

 

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